O desastre de The Matrix Resurrections

Após 18 anos desde o terceiro e último filme da franquia The Matrix, Keanu Reeves e Carrie-Anne Moss voltam como Neo e Trinity em The Matrix Resurrections. Confira a opinião do Conde sobre o filme.

Neo é provavelmente o maior ícone do Cyberpunk nos cinemas, The Matrix (1999) foi um sucesso com uma premissa enigmática e excelente fotografia. Então, mais de 20 anos depois o primeiro filme da franquia ainda se mantém no topo (junto de alguns curtas do The Animatrix) pois as suas sequências, The Matrix Reloaded e The Matrix Revolutions não são filmes que os fãs costumam chamar de preferidos, inclusive, pra muita gente The Matrix existe sozinho e as sequências são completamente ignoradas.

Spoilers a seguir, é altamente recomendável que você tenha assistido o filme para compreender as opiniões abaixo.

No quarto filme da franquia (The Matrix Resurrections) somos apresentados com uma ideia que muita gente vai odiar com força, que provavelmente "foi a pior decisão de todas pro roteiro", com direito a teorias de que a diretora Lana Wachowski propositalmente fez o filme ruim como uma crítica para o mundo dos reboots e remakes de Hollywood...

Porém, muita gente também vai achar que esse filme é o mais corajoso de todos, ambicioso em tempos de super franquias como o Universo Marvel, pois "alguém finalmente teve coragem de quebrar os limites da metalinguagem de uma maneira séria, sem piadas."

Para mim, o filme está dividido em 4 partes:

  • Na primeira eu achei tudo ruim, a fotografia não me agradou, os personagens e suas falas com piadas vazias e um "worldbuilding" meio estúpido, os primeiros 20 minutos do filme são suficientes pra você decidir se vai assistir até o final ou não, eu decidi continuar, vai que melhora?
  • Na segunda parte o filme melhorou, somos apresentados à algumas ideias interessantes e que atualizam de uma boa maneira o "mundo real", onde ficava Zion, sabe? Mas agora existe uma cidade chamada IO, agora temos robôs que não querem fazer parte da grande máquina, existe realidade aumentada e interação no mundo físico com novas tecnologias, inclusive pras naves, eu queria ter visto mais dessa nova cidade e mais do mundo real.
  • Na terceira parte caímos em clichés absurdos, personagens realizando pulos acrobáticos enquanto levam tiros à queima roupa mas nada acontece, nenhuma consequência no mundo real ou no mundo digital, o que estou assistindo? Quem é o vilão? Qual o objetivo? Espera, o vilão do filme está realmente fazendo um monólogo de exposição pro Neo? Por que?! E a volta inesperada de uma personagem que, sinceramente, não importa muito, ainda mais se formos comparar com a absurda falta que Hugo Weaving faz como Agente Smith.
  • Chegando na última parte, tive uma sensação estranha... Foi tudo fácil demais, não entendi qual foi o problema a ser resolvido, aparentemente existe toda uma história que aconteceu através do jogo The Matrix Online, inclusive a morte do Morpheus e os "Neo-ologistas". A batalha final não é verdadeiramente uma batalha e não existe emoção alguma. Neo e Trinity viraram deuses na Matrix, final feliz e o que parece ser uma deixa para uma continuação, uma nova franquia.

O que fizeram com o Agente Smith foi imperdoável com os fãs, o Merovingian aparecendo como uma piada, com falas estúpidas sobre o nosso mundo dominado pelo facebook, pelo Zuck... E sendo ignorado mostra exatamente a "falta de respeito" que esse filme têm com os anteriores, apesar de insistirem em soltar flashes de cenas da trilogia original, isso parece uma fanfic e não precisamos comentar sobre o novo Morpheus, ele não faz sentido algum e todas as cenas e ternos do personagem ficaram forçados demais.

O filme poderia ser bem melhor, mas ainda é assistível, uma pena que ele obrigatoriamente exige que você tenha visto a trilogia original e, se você gostava do The Matrix original ou até mesmo dos Reloaded e Revolutions... Você provavelmente não vai gostar do Resurrections.

Não existe um conflito inicial pros acontecimentos do filme, na verdade não existe conflito nenhum, The Matrix Resurrections é o Neo acordando após alguns anos, ele quer reencontrar a Trinity, eles ficam juntos no final e podem voar, fim.

Sobre a resurreição, aliás, eu não compreendi como conseguiram salvar o agente Smith com suas memórias e personalidade, nem o porque disso. Também não entendi sobre o poder de repulsão do Neo e da Trinity soltando luz "no mundo real" durante a cena do monólogo com o The Analyst, é um easter egg sobre o mundo real ser apenas mais uma camada da Matrix? Pois anteriormente o Neo conseguia controlar as maquinas porém não tínhamos esses efeitos visuais que são idênticos aos que Neo faz dentro da Matrix...

Enfim, ambos os protagonistas morreram de fato no Revolutions e foram revividos em Resurrections, isso me incomodou porque eu penso demais: Neo e Trinity são as mesmas pessoas que eram antes de morrer? Ou são apenas as memórias em corpos reanimados? Existe a alma nesse universo? Pois poderes existem... Ou a diretora Lana Wachowski quer me falar mesmo que a luz no mundo real é o "poder do amor" das anomalias que são Neo e Trinity?

A única novidade que eu gostei foi o novo efeito Bullet Time, com o Barney/Neil Patrick Harris andando em velocidade normal, ghosting, enquanto os outros estavam em câmera lenta.

Nota: 2/5 Estrelas

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